QUANDO O CLICHÊ SE REINVENTA E NOS APAIXONA



Comédia romântica adaptada pelo serviço de streaming, Netflix 
  
Quando falamos em comédia romântica terá quem ame ou odeie. E até quem odeia, sempre acaba assistindo naquele domingo preguiçoso em que não está a fim de brigar com o crush para escolher o que assistir na Netflix.

Foi num domingo desses que descobri “Para todos os garotos que já amei”, a adaptação da Netflix do livro de mesmo nome da autora Jenny Han.
No primeiro momento, pensei: ótimo mais um filme clichê como “Barraca do Beijo” para matar o tempo. Como estava enganada!


A verdade é que quem está acostumado com comédias românticas, acaba se entediando com os roteiros óbvios e os típicos personagens brancos heteronormativos. “Para todos os garotos que já amei” quebra pelo menos um desses dois estereótipos ao eleger uma protagonista de origem inter-racial (asiático-americana), muito distante dos padrões estabelecidos por filmes do mesmo estilo como “Dez coisas que eu odeio em você”, “As patricinhas de Bervely Hills” ou “Ela é demais”.

Apesar de isso apenas denotar um interesse midiático da Netflix em se manter em alta em relação aos anseios sociais por representatividade. Ainda assim, a oportunidade é válida pelos mesmos motivos.

Você pode me dizer: “isso eu já reparei. Mas o que tem de novo mesmo?”.

Nada! O filme não nos trás nada de inovador. O roteiro garota-encontra-garoto permanece impacto. Mas talvez esse seja o diferencial. Por ser tão genuíno e sem grandes pretensões. Assim como o primeiro amor. E por isso é tão cativante e até mesmo viciante (já assisti cinco vezes).


A história gira em torno de Lara Jean Covey (Lana Condor), uma garota de 16 anos viciada em livros de romances (sabe aqueles de banca de jornal: Bianca, Julia...) ela tem uma caixa onde guarda cartas de amor que escreveu para todos os garotos por quem já foi apaixonada (cinco ao total).

Por uma obra inusitada do destino essas cartas acabam sendo enviadas aos endereçados e aí começa toda a confusão, já que um desses garotos é Josh Sanderson (Israel Broussard), namorado da irmã mais velha, Margot (Janel Parrish). Mas quando Margot vai fazer faculdade em outro país, ela termina com Josh deixando as coisas ainda mais complicadas.

Após receber a carta, Josh segue para questionar Lara. Desesperada que ele ou sua irmã tenha provas de sua paixão proibida, ela beija Peter Kavinsky (Noah Centineo) o garoto mais popular da escola e mais um que recebeu sua carta.

Protagonistas esbanjam química e simpatia na nova comédia romântica da Netflix

Quando ambos percebem que esse envolvimento pode lhes ser útil, uma vez que, Genevieve (Emilija Baranac), a ex-melhor amiga e atual inimiga de Lara Jean, e namorada de Peter termina com ele para namorar um universitário. Peter fica louco para colocar ciúmes nela para que deseje reatar o namoro. Assim, eles decidem assinar um contrato, combinando um namoro falso até que Josh deixe de achar que Lara gosta dele e até que Gen queira Peter de volta.

A trama está montada: uma situação louca leva a um relacionamento de fachada. É um cenário clássico da comédia romântica, “Esposa de Mentirinha” não me deixa mentir.

O enredo segue bem água com açúcar com cenas familiares e engraçadinhas graças ao pai e irmã mais nova de Lara. Ele é um ginecologista viúvo (pega a referência “Dez Coisas Que Eu Odeio em Você”), que faz de tudo para manter um ambiente saudável e aberto para as filhas desde a morte da esposa. Em vez de oprimir as filhas, ele dá apoio e é a favor da educação sexual.




Já Kitty (Anna Cathcart) é uma figura de 11 anos cheia de energia e conceitos feministas. A relação familiar tem grande enfoque no filme. O companheirismo e amizade entre as irmãs são absolutamente naturais e cativantes.


As irmãs Covey

Recheado de referências dos anos 80 e 90, o filme descarta a hiper sexualização juvenil, diferente dos produtos que vemos por aí. A comédia da Netflix acerta em cheio ao resgatar aquelas emoções do primeiro amor de quando éramos jovens.

Toda a insegurança e ingenuidade são bem interpretadas por Lana, que cumpre muito bem seu papel de menina doce, mas de convicções fortes e originalidade. Quer originalidade maior do que Lara Jean não mudar seu visual para conquistar Peter? Ela não precisou em nenhum momento colocar um vestido apertado ou maquiagem para ele se apaixonar. Na verdade, eles acabaram se apaixonando pelo convívio e pelas conversas sinceras que tiveram juntos.

Olha esse neném 😍

E o que falar de Peter Kavinsky? Boyzão para ninguém botar defeito. Amigo, gentil e passa longe daqueles moldes de garotão exibido e sem personalidade dos filmes do gênero.

Tem também a garota popular e do mal, Gen, mas que aqui não é mostrada como alguém para se ter repulsa, mas sim empatia por sofrer das mesmas desilusões e inseguranças pelas quais já passamos em outras épocas.

Essa versão da “inimiga” que merece compreensão e não ódio me fez lembrar muito da Verônica do filme “Sierra Burgerss é uma loser”, também da Netflix. O paralelo entre estes filmes adolescentes nos faz refletir muito sobre a visão que temos daquelas pessoas diferentes de nós. Especialmente, nós mulheres, que somos ensinadas desde pequenas a competir entre nós mesmas pela atenção do macho.

O filme “Todas contra John” é um ótimo exemplo de como as mulheres são tratadas como objetos sexuais e fúteis. Mas nessas produções da Netflix, a abordagem da rivalidade feminina é colocada de lado para nos mostrar que devemos nos unir para combater esses pensamentos machistas.

Neste filme, até o relacionamento de mentira consegue nos fascinar. Principalmente, por não fazer parte de um plano para ridicularizar a garota nerd e tímida.
O namoro deles é capaz de nos fazer suspirar com suas cenas simples como a dos dois assistindo a “Gatinhas e Gatões”. A pegada vintage colabora bastante com esse cenário romântico, sem falar na química sedutora que os protagonistas exibem em cada cena. Ficamos torcendo o tempo todo para que fiquem juntos.



“Para todos os garotos que já amei” tem tudo o que uma comédia romântica precisa ter para nos emocionar e cativar, e até um pouco mais.
Os clichês, a adaptação, o elenco e as referências nos divertem e emocionam do começo ou fim (e que final!). A Netflix acertou mais uma vez e tem tudo para acertar de novo caso tenha a sequência do filme, já que são três livros.

Postado por: Tainan Lopes

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Autor Tainan Lopes

Estudante de Jornalismo. Ariana do bem, Made in Bahia. Apaixonada por filmes e séries, livros, café e música.
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3 comentários:

  1. Tanto o filme, quanto a resenha estão ótimos. Parabéns!

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  2. Muito obrigada pelo feedback meu preto! Você arrasa!

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  3. Que resenha meus amigos, que resenha! Obrigada pelo texto maravilhoso. Assisti o filme e realmente é um clichê gostoso de ver.

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