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Em 2018 ocorreram no Brasil, as eleições presidenciais que gerou ocasionou uma grande mobilização e expectativa da população para saber quem seria o novo representante da nação pelos próximos quatro anos. Foi uma eleição repleta de polêmicas e “agressões” por partes de eleitos e eleitores. As mídias sociais conseguiram atingir o maior nível de influência dos últimos tempos durante as eleições, pode-se dizer inclusive, que foi a responsável em eleger o presidente Jair Messias Bolsonaro do Partido Social Liberal (PSL). Mas apenas Jair Messias Bolsonaro foi eleito?
O eleitor pode até votar convicto no seu candidato à presidência, mas escolher o vice é tão importante quanto decidir quem irá presidir o Brasil, afinal este é o segundo cargo público mais importante na política brasileira. O vice-presidente tem a importante função de substituir o presidente no caso de qualquer impedimento, participando ativamente nas tomadas de decisões, podendo até assumir o posto de presidente em caso de renúncia, morte ou destituição do cargo por processo de impeachment.
Casos como estes ocorreram 8 vezes em nossa República e o caso mais recente foi o do atual presidente Michel Temer, que assumiu após a então presidente, Dilma Rousseff sofrer impeachment. Recentemente, a nomeação do futuro vice-presidente do Brasil, o General da reserva Antônio Hamilton Martins Mourão, conhecido como General Mourão gerou desconforto e insegurança na população após seus discursos controversos.
Segundo Cláudio Araújo, 50 anos, servidor público “as trocas de poderes afetam muito o país, pois tivemos vices como Aureliano Chaves, José Sarney, Marco Maciel, Itamar Franco, José Alencar, Michel Temer que, ao meu ver, com exceção do Marco Maciel e do José Alencar não partilhavam, necessariamente, do mesmo pensamento do presidente eleito. Sem contar a Sra. Dilma Roussef, que por falta de habilidade política e de diálogo com o congresso acabou impedida e teve o mandato interrompido ".
Com o intuito de compreender melhor os cargos de vice no poder executivo, bem como identificar quais os critérios de escolha para definir o candidato mais adequado para esta função, entrevistamos a Deputada Federal eleita pelo PSB (Partido Socialista Brasileiro) Lídice da Mata e Souza, que em 35 anos de carreira política, assumiu o cargo de prefeita de Salvador nos anos de 1993 à 1996.
ENTREVISTA:
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Qual a importância do vice na política
brasileira?
LÍDICE DA MATA:
Ultimamente tem sido bastante significativa, alguns ajudando, outros traindo,
enfim, assumindo protagonismo, mas nem sempre republicano.
- Recentes episódios na
política ressalta a importância dos candidatos a vice, quais os critérios
utilizados nas suas campanhas para definir os seus vices e de que forma se
chega a essa decisão?
LÍDICE: O
vice é escolhido nas convenções partidárias, entre as siglas que integram a
coligação do candidato. No meu caso específico, todas as vezes que disputei
cargos executivos, o meu partido procurou seguir critérios que levassem em
consideração as afinidades político-ideológicas e a convergência de propostas
de governo.
- Em sua opinião, quais as
funções que os vices do poder Executivo devem desempenhar?
LÍDICE: Se o
vice não atrapalhar o titular já estará dando uma grande ajuda, mas é evidente
que podem contribuir muito, inclusive ocupando secretarias ou ministérios. Na
minha gestão como prefeita de Salvador, por exemplo, a vice Bete Wagner também
assumiu a Secretaria de Educação. No governo de Lula, o vice, José Alencar
ocupou o Ministério da Defesa.
- Durante anos de República,
tivemos 8 vices presidindo o Brasil, de que forma isso pode afetar um
planejamento na esfera executiva e por quê?
LÍDICE: A
questão é que os vices, ao assumirem a vaga dos titulares, deveriam seguir o
mesmo programa e as mesmas propostas discutidas durante as campanhas, afinal,
supõe-se que quando as pessoas votam, elas escolhem aquelas propostas que mais
correspondem aos seus anseios, mas muitas vezes na prática não é o que
acontece. Alguns vices, quando assumem, dão um novo direcionamento aos
governos. Alguns acertam, outros complicam.
- Segundo uma pesquisa do
Datafolha, do dia 18 e 19 de setembro de 2018, cerca de 43% dos eleitores
consideraram de “muita importância” os candidatos a vice na última eleição
presidencial. Em sua opinião, por que houve este aumento de interesse? E de que
forma isso pode beneficiar a população?
LÍDICE:
Acredito que as pessoas passaram a dar mais importância aos vices depois do
impeachment da ex-presidente Dilma (Rousseff), quando Michel Temer assumiu a Presidência. Nesse
período também, o país passou a discutir mais política, o que já era uma
tendência com o acirramento da disputa pelo Planalto em 2014.
- Qual a mensagem que você
passaria aos eleitores sobre a relevância de se pesquisar os candidatos a vice
no poder executivo?
LÍDICE - Como
não se vota no vice, há certa negligência em conhecer o que pensa e quem é o
companheiro ou companheira de chapa do candidato ou candidata. O que tenho a dizer é que toda escolha precisa
ser criteriosa e, no caso do vice, é pensar que sempre há a possibilidade de se tornar o titular e isso no Brasil tem
sido mais frequente do que nós desejávamos,
o que aumenta ainda mais a responsabilidade no momento de decidir em
quem votar.”
Com
o intuito de compreender a visão da população, fizemos um questionário adaptado
para os eleitores, fazendo as mesmas indagações sobre a importância e as
funções deste cargo tão relevante para a política brasileira. O questionário
foi enviado por correio eletrônico e também através das redes sociais, onde tivemos
nove respostas de colaboradores de diferentes idades, cursos, profissões e
pontos de vista, como podemos observar na tabela a seguir:
As
entrevistas mostraram que apesar da população entender a relevância de conhecer
os vices, não dão a importância necessária
para este cargo. Segundo Ian Filipe, 27 anos, fiscal ambiental, para definir o
seu candidato a vice, ele precisaria ser integro e ter convicções alinhadas com
a do presidente pelo qual será vice. Assim, é fundamental a conscientização da
população, como afirmou Jéssica Rocha, 24 anos, estudante, ao dizer que se deve
investigar esses candidatos da mesma forma como pesquisamos os candidatos à
presidência, sempre pensando nas consequências que o Brasil terá
caso algo ocorra a troca do poder.
Postado por: Danilo
Santana
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