O HOMEM QUE PAROU O REI


Edvaldo dos Santos, "Baiaco" (Foto: Facebook)
A história de Edvaldo dos Santos, ou simplesmente “Baiaco”, apelido dado por sua avó Masulina, quando ainda criança, nos ensina que nem todos têm o talento para ser reis do futebol. Alguns nasceram para deter os reis do futebol.

A sofisticação e a celebridade têm seu palco, mas a simplicidade e o anonimato também merecem um espaço, e em algumas noites irônicas, a nobreza pode até mesmo ter de se curvar diante dos plebeus.

De origem humilde, nascido em 7 de julho de 1949 em São Francisco do Conde, região metropolitana de Salvador, Baiaco era a estrela da seleção de São Francisco do Conde, e se mostrou diferente logo no início da carreira ao só aceitar se transferir para as categorias de base do time do Bahia se o seu amigo Caetano fosse junto.

Um volante incansável e exímio marcador, apesar de franzino, Baiaco se destacou pela determinação e amor à camisa do Esquadrão de Aço, clube pelo qual jogou por 13 anos de sua carreira (entre 1968 e 1980). Foi titular absoluto por dez temporadas e ganhou dez títulos, incluindo o heptacampeonato baiano.

Reprodução: Bahia Notícias

Fatos curiosos sempre o marcaram sua carreira. Em certa entrevista, no ano de 1971 antes de um jogo contra o Botafogo em que o jogador não iria atuar por estar machucado, o jogador soltou a célebre frase a um repórter: “Comigo ou semigo o Bahia vai vencer o jogo”.

Em sua última renovação de contrato com o Bahia, ganhou do clube como luvas um apartamento no bairro nobre da Pituba de número 101. Dias depois, o Bahia foi notificado pela imobiliária de que Baiaco havia pego as chaves do apartamento de número 102, a entrar em contato com Baiaco para informar do engano o mesmo argumentou: “Como todos os apartamentos eram iguais achei que era a mesma coisa ficar no 101 ou 102”.

Mas o grande momento de Baiaco foi no ano de 1969 em um jogo entre Bahia x Santos, na Fonte Nova, lugar onde Pelé poderia marcar seu milésimo gol. Fato que colocaria a Fonte Nova na história do futebol brasileiro. A partida era válida pelo Campeonato Nacional.

Pois bem, “poderia” só esqueceram de combinar com Baiaco. Nem mesmo a imprensa de todo o país, que estava ansiosa para fazer o registro do gol número 1000 do Rei, nem o próprio Pelé contava com a marcação implacável de Baiaco, que acabou roubando a cena e se transformou no grande nome do jogo.

Ele não apenas evitou aquele que poderia ter sido o gol 1000 do eterno Rei, como também marcou o gol de empate do Bahia. Pelé reconheceu a grande atuação de Baiaco, “Realmente fica muito difícil jogar com a marcação de Baiaco”, contou em entrevista.

Ao longo da carreira recebeu propostas de times como Vasco da Gama, Cruzeiro e Botafogo, porém decidiu não sair do Bahia, clube no qual ganhou notabilidade também por ser o maior campeão da Fonte Nova. Baiaco é considerado por muitos historiadores, jornalistas e pesquisadores de futebol como o maior volante de todos os tempos da história do Esquadrão de Aço.

O jogador deixou o clube em 1980 com 34 anos e foi defender o Leonicos Clube de Salvador, pendurou as chuteiras apenas um ano depois e foi viver em sua cidade natal, onde ganhou uma estátua em sua homenagem em frente ao ginásio de esporte que leva seu nome.

E a lição que fica é: caso você não possa ser Pelé, seja Baiaco. Faça o melhor que lhe vier às mãos, ou aos pés. Assim, pelo menos por uma noite, você poderá se tornar o Rei da partida - ou da vida.


Postado por: Jeferson Bispo
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Autor Tainan Lopes

Estudante de Jornalismo. Ariana do bem, Made in Bahia. Apaixonada por filmes e séries, livros, café e música.
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